Hoje proponho-vos uma visita suculenta.
Sabem que o Porto foi eleito Lonely Planet o melhor
destino europeu de 2013. Então, passeiem pela cidade que tão perto fica de
Gondomar. Já tiveram uma panorâmica geral no “bluebus”, mas ainda há muito a
descobrir.
Como me pediram a receita do molho da francesinha,
que tal um passeio pela beira rio, ou
mesmo a um dos restaurantes especialistas em francesinhas, o Capa Negra? Eu
conheço melhor o do Campo Alegre.
E já agora, porque não conhecer melhor a
história da francesinha? É uma história de emigração explicada pelas más
condições de vida que se viviam no tempo do Salazarismo. É a história de um
retorno que trouxe a fama a um emigrante aventureiro.
A Francesinha foi inventada
por volta de 1953 pelo portuense Daniel David da Silva que depois de ter andado
pela Bélgica e França, acabou por se fixar no Porto, como responsável de uma
parte da cervejaria “Regaleira”. Este emigrante decidiu dar um toque especial a
uma receita tipicamente francesa, chamada croque
monsieur. Esta especialidade
típica é um snack muito apreciado nos restaurantes e cafés franceses. No entanto,
teve a feliz ideia de adaptar o croque
monsieur à cultura portuguesa,
adicionando a magia de um molho que é a alma da receita.
Há quem refira que o criador do prato, era “bastante
mulherengo” e achou que as portuenses eram demasiado discretas para o que
estava habituado, andando muito tapadas e sendo muito reservadas. Este aspeto
levou-o à criação de um prato “apurado”.
Como pensava que a mulher mais
picante que conhecia era a francesa, quis dar um toque picante ao prato e
chamou-lhe francesinha. .
Nos
anos cinquenta, o petisco era uma comida fora de horas, uma ceia depois de uma sessão de cinema tardia e estava
ligado com o universo masculino. As raparigas que comiam francesinha eram mal
vistas.
Com o tempo a francesinha foi
evoluindo de uma tosta mista com molho
tornou-se mais elaborada e apreciada por todos os sexos e gerações.
A Francesinha é hoje em dia uma das mais
apreciadas iguarias da cidade do Porto e há até restaurantes que se
especializaram nesta especialidade com o seu segredo próprio.
Todas as gerações apreciam este prato que é
muitas vezes o favorito nas comemorações
juvenis.
Quem visita o Porto tem que provar uma francesinha.
Quanto a nós poderemos aproveitar os dias
sem aulas para ir a um restaurante degustar uma francesinha ou então desenvolver
os nossos dotes culinários e fazê-la em casa.
A receita que vou reproduzir é a do restaurante Capa
negra. O molho fica caro, mas pode ser guardado no congelador para outras
vezes.
Partindo do princípio que a francesinha é
apenas uma sande de bife e salsicha, hoje pode levar muitos outros ingredientes
e até as há vegetarianas, vou reproduzir
o molho, porque aqui é que reside a alma da francesinha:
Faz-se um estrugido com uma cebola bem
picada, bocados de chouriço gordo, bocados de gordura de fiambre e de presunto.
Depois de tudo estar um pouco louro, juntar
mais de meio litro de cerveja, aos poucos e ir mexendo sempre.
Depois, juntar num copo, vinho tinto, vinho
branco, em partes iguais, adicionar um pouco de brandy e de vinho do Porto e
juntar esta mistura ao estrugido.
Pode-se, também, juntar tomate, até que o
refogado atinja uma cor avermelhada.
Finalmente, juntar farinha até o refogado ficar cremoso e por último, passar o
molho num coador de rede larga. Depois de passado, deixa-se estar, um pouco, em
lume brando, até engrossar. E pronto, é só cobrir a francesinha e comer… nhac…
nhac!